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Escalada de conflitos conhecimento, atenção, prevenção e Mediação

Há tempos venho falando aqui sobre convivência, relacionamentos e formas adequadas de resolver conflitos. Conviver pode ser a forma mais simples e mais complexa de expressarmos a nossa humanidade. Por isso, o condomínio pode ser considerado um microcosmo da sociedade.

Pensando nisso, senti a necessidade de chamar a atenção para o crescimento de situações de violência noticiadas nos últimos meses, envolvendo as mais diversas interações pessoais e cotidianas. Casos em que, “do nada”, alguém reage violentamente a uma atitude mal interpretada, alguém se sente no direito de revidar uma resposta recebida como ofensa, alguém se sente desmerecido, não reconhecido e está posta a “gota d’água” para esse alguém literalmente perder o controle de si.

Um dos fatores essenciais para melhorar a convivência em condomínios é o estímulo à prática constante de gentilezas. Pequenos gestos de cortesia, como cumprimentar os vizinhos, ajudar com compras, esperar quem chega ao elevador ou apenas ouvir com atenção, podem fazer uma grande diferença. Essas atitudes não apenas tornam o dia a dia mais agradável, mas também ajudam a construir um sentimento de pertença e comunidade.

Contudo, é importante lembrar que essas práticas não surgem espontaneamente; elas precisam ser incentivadas e cultivadas. Uma gestão de condomínio que valoriza a comunicação aberta e a participação ativa de todos os moradores é fundamental para criar um ambiente pacífico. Reuniões periódicas, canais de comunicação claros e acessíveis, e atividades que envolvam toda a comunidade são estratégias eficazes para fomentar essa cultura de gentileza e cooperação.

E quando surgem as reclamações e desentendimentos, o que é importante todos saberem? Que todos são corresponsáveis pelo clima e ambiente condominial e não somente o síndico. Saber reconhecer indicativos de uma escalada de conflito, interessar-se em escutar genuinamente os envolvidos e sugerir a possibilidade de uma mediação por mediador externo são ações que qualquer condômino pode ter. Ao trazer uma perspectiva neutra e imparcial, o mediador pode facilitar o diálogo entre os envolvidos, ajudando a identificar as reais necessidades e causas dos desentendimentos e facilitando a busca de soluções que atendam aos interesses de todos. A mediação garante um ambiente seguro e controlado para a comunicação.

As fases da escalada do conflito

A escalada de conflitos em condomínios é um fenômeno complexo e multifacetado, que pode ocorrer de maneira gradual, passando por diversas fases até atingir o ápice do descontrole violento. Inicialmente, os conflitos costumam surgir de pequenas divergências ou mal-entendidos. Nesta fase, as tensões ainda são relativamente baixas e há uma boa chance de resolver os desentendimentos através de um diálogo direto e amigável.

No entanto, se essas divergências não forem abordadas adequadamente, o conflito pode evoluir para a segunda fase, caracterizada pelo aumento das tensões e a polarização dos envolvidos. Nesta etapa, as posições tendem a se endurecer e as pessoas podem começar a acumular ressentimentos e a adotar uma postura defensiva/reativa. A comunicação se torna mais difícil, e as possibilidades de resolução amigável diminuem.

Se o conflito continuar a crescer sem intervenção, pode entrar na terceira fase, onde as tensões se transformam em hostilidade aberta. Nesta fase, os envolvidos podem começar a agir de maneira agressiva, seja verbal ou fisicamente, o que pode levar ao descontrole violento. O ápice do conflito é marcado por comportamentos destrutivos, muitas vezes sem considerar as consequências pessoais, legais e para a comunidade como um todo.

Então, ações precisas, pontuais e antecipadas, utilizando a mediação como uma ferramenta estratégica, pode interromper o ciclo de escalada do conflito. Ao facilitar a comunicação e ajudar as pessoas a entenderem as perspectivas e necessidades umas das outras, a mediação pode desarmar potenciais explosões de violência e promover a colaboração.

Quando os moradores do condomínio sabem que há uma via segura e eficaz para resolver desentendimentos, ficam mais inclinados a recorrer à mediação em vez de deixar os conflitos escalarem.
Não deixe escalar o conflito. Busque a mediação.

Simone Medeiros

Simone Medeiros

Com mais de 8 mil horas de mediações realizadas. Sócia proprietária e Diretora de Mediação da Conversatio Arbitragem & Mediação. Assistente Social, especialista em Metodologia do Serviço Social, Arteterapia e Gestão de Conflitos no Judiciário Contemporâneo.

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